Poesias de um sonho

"Se eu me permitir sonhar, voarei aos céus e habitarei entre as estrelas nos meus dias de solidão, mas se eu me fechar na escuridão de todos os meus medos, viverei eternamente na margem de tudo o que não fui capaz de crer. Não vai ser fácil ver meu reflexo todas as noites, sem poder ver em meus olhos o brilho de todas as luzes do universo...

Prefiro amar meu sonho, e fazer dele o mais sublime de mim mesma. E ele se fará em cada amanhecer uma nova poesia aqui dentro de mim!

Eu só quero voar..."

(Adriana M Machado)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O fim...


Hoje estou triste e tenho tanta vontade de chorar!


Mas o choro não vem, ele parece preso em algum lugar...

Percebo que algumas coisas estão chegando ao fim,

E não gosto do fim porque ele me traz uma sensação estranha,

me lembra do que eu nunca tive...

Quando alguém pega a bagagem e se vai,

leva consigo um pedaço da gente.

Um pedaço que ficará perdido em algum lugar,

tão escondido que talvez nunca ninguém o encontre...

Mas o peso da bagagem parece ficar aqui, nos fazendo companhia...

Quando a gente fica, e contempla sentado na porta da casa dos nossos sonhos,

os passos lentos daquele ser tão querido,

que o vai conduzindo rumo ao desconhecido,

porque não há outra alternativa,

Porque a casa está cheia e todas as camas estão ocupadas,

Ou porque tudo está vazio demais, e não suportamos o eco da nossa própria voz chamando por socorro,

Porque acabou-se o alimento da panela,

Porque os luares das noites escuras do sertão se tornaram tristonhos,

Ou simplesmente porque a solidão é algo muito difícil de sentir...

A gente se despede calada, enquanto vê a vida passar em relance...

A gente chora baixinho e diz adeus em silêncio,

sem tirar os olhos da estrada,

pra ver se a curva que vai fazer desaparecer o nosso amor,

quem sabe se atrase um pouco mais a chegar...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Um amor para sempre






Esta noite me bateu uma vontade de escrever sobre o amor!
Sobre um amor que permanece em mim como uma eternidade.
É a primeira vez que escrevo sobre ele assim, poetizado...
É um amor escondido, muito bem guardado.
Um amor tão profundamente amado
Que todos os dias precisa ser reinventado...
Tem coisas que permanecem na gente ultrapassando os limites do tempo,
Dos fatos, de todos os acontecimentos.
Como se nada mais existisse capaz de fazê-lo se perder,
De ficar lá atrás,
De esquecer ou simplesmente se dissolver...
Afinal o tempo passou, e as pegadas que ficaram no passado
Quase nada tem de semelhança com o presente.
São como cacos quebrados,
Varridos, atirados.
Mas de tudo que se perdeu  por quê ele ainda permanece intacto?
Tive de perdoar tantas coisas, e outras apenas engolir!
De acordar os mais belos sonhos!
De tratar cada ferida todos os dias um pouco mais,
E depois da dor simplesmente me deixar ir...
Mas aquele amor que eu nem sabia muito bem que era amor,
Recusou-se a me deixar.
Insistiu em querer amar,
Deixou-se inventar...
Agarrou-se em mim e permaneceu
Na eternidade que se fez cada dia da minha existência.
E ainda hoje o sinto despertar,
Tão intenso como um riso de alegria no ar.
Como se todos os dias fosse dia de brincar.
Tão ingenuamente sínico e puro quanto uma criança!
Tão cheio de certeza e esperança!
Senhor dos dias que se foram,
E de todos os outros que estão por vir!
Sem medo de nada nem de ninguém,
Como todo o resto que só a ele lhe convém.
É meu amor bem guardado aqui no meu coração.
Amor que entrou sem bater e se fez dono de tudo em mim.
Amor perdido, amor roubado,
Amor proibido, amor tão querido!
Amor para sempre amado...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Gatas de rua




Estamos em três,
Novas mulheres se descobrindo outra vez.
Sonhos de astronauta,
Histórias de burguês...
Somos aquilo que vivemos; Socorro! 
A cada dia nascemos e morremos!
Talvez não seja muito difícil
Mais um pequeno sacrifício.
Dividir a mesma xícara,
Perder a cama, levar uma vida tão cigana.
Estilos diferentes,
Mistérios subseqüentes,
Mentes dementes.
Não sei, mas e daí?
Não to nem aí!
Se por acaso somos atraentes, mulheres ardentes,
Não podemos assegurar.
O tempo nos escondeu, um sumiço nos deu.
Nos trancou no porão de um choroso coração.
Aprendemos à arte de uma vida metropolitana.
A qualquer lugar, na grama, na lama, na areia da fama,
Fazemos à cama.
Seja na rua, em uma noite de lua.
Somos os anzóis, pescamos a nós.
Sempre tão juntas, cada vez mais a sós.
Somos gatas de rua, solitárias e choronas,
Amigonas e amigonas...


Adriana M Machado
(criada dia 30 de abril de 2002. Copacabana RJ)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O inevitável

Como podemos explicar o inevitável?
O inevitável muitas vezes não tem explicação.
Quando pensamos que estamos fazendo tudo certo, que encontramos o caminho entre tantos atalhos, existe mais uma pedra que nos faz tropeçar...
Há coisas na vida que não podemos entender, apenas sentir...
é uma dor no fundo da alma que deixa suas marcas para sempre.
Que Deus me ajude a guardar meu coração...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Que saudade!!!

Gente eu estou sem pc, e está tão difícil não poder estar aqui todos os dias!!! Não vejo a hora de voltar a ativa aqui no meu pedacinho do céu... Não fui embora não, pelo contrário, estou voltando nas asas de um novo sopro... Bjs a todos vcs!!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Minha doce nina!



 Os pelos já estão branquinhos porque a idade vem chegando...
E com ela vem as marcas de toda uma vida de amor incondicional.
Quantas vezes eu viajava e você ficava ali a minha espera,
A cuidado de outros que com certeza não te davam tanto amor assim...
As vezes no frio,
No calor intenso e na sede,
Na fome,
Na solidão de quase todos os dias...
Sei que você passou por tudo isso enquanto eu estive longe...
E eu somente orava e pedia a Deus por você,
Para que ele te fizesse companhia, e não deixasse que nada de mal te acontecesse...
Sei que ele ouviu minhas orações porque hoje estamos juntas e você está bem!
Me desculpe minha amada!!
Me desculpe por não ter sido pra você, nem um terço do que você sempre foi para mim!
Sei que nada vai justificar a minha ausência,
Mas acredite, eu te amo!!
Te amo com todas as minhas forças!
Minha companheira, minha amiga, minha doce nina!
Obrigada por  fazer parte de mim!
Te amooo!!!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pedaço adorado de mim!!!!



Razão da minha vida,
Das minhas alegrias, dos meus sonhos as vezes tão absurdos...
Quando você sorri vejo o mundo em arco-íris!
Sinto que te amo mais que todas as coisas,
E que daria tudo se preciso fosse,
Para prender teu sorriso.
Para que você não o perca jamais!
Entendo que nada nem ninguém poderá nos separar.
Que estivemos juntos o tempo todo,
E que seguiremos juntos eternamente.
E esta certeza é quem sustenta meu coração,
Me enchendo de forças, fazendo transbordar a minha vontade de viver!
Meu filho amado eu te amo tanto!!
Vamos dançar juntos?

Pedaço adorado de mim!


 O teu abraço está tão além de tudo aquilo que ousei imaginar!!!
Quando você acaricia meu rosto com tua mãozinha pequenina,
Percebo que sou a pessoa mais feliz do mundo!
Você está aqui junto a mim e isso basta para me fazer feliz.
Te amo meu filhinho, pedaço mais que adorado de mim!

Adoro Mário Quintana!!!!!!!!!!



 BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

(Mário Quintana)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Em Paz




Enquanto ouço a música sinto o que ela faz dentro de mim,
Deslumbro todas as sensações com uma apreciação nova que me surpreende!
Vejo as fotos na parede da minha sala,
As fotos das minhas viagens por vários países...
Como eu era magra, com eu era jovem e linda!!
Mas como eu era triste, perdida...
Havia tanto pra se conhecer que nem se quer sabia por onde começar.
Enquanto vejo calmamente cada foto percebo que não tenho saudade,
Que não invejo aqueles tempos de luxo e vazio, tão necessários em minha vida.
Entendo que tudo aquilo era parte da minha existência, era fundamental no meu eu...
Foi preciso conhecer lá fora, pra descobrir o que existe aqui dentro...
Percebo que estou em paz,
Que não existe mágoa...
Neste momento olho pela janela e vejo uma árvore como a que tinha no quintal da minha casa,
Na minha infância lá de Minas.
Ela era tudo para mim!!
Quando eu estava triste eu subia em seus galhos,
Me aconchegava em seu tronco forte,
Me sentia como  em uma cama macia,
E jurava que um dia tudo seria diferente.
Quando eu estava feliz eu corria para encontrá-la,
E descansava no teu colo, e contava secretamente o motivo de tanta alegria...
Ali eu sabia que estava segura,
Que nada nem ninguém me podia fazer mal algum.
Eu era a única criança que tinha uma árvore que falava comigo, que me escutava com tanta atenção, que me entendia e me amava!
Era como se ela guardasse a minh`alma...
Hoje aos 34 anos, aqui na Janela da minha casa, em outro lugar bem distante,
Vejo no quintal da vizinha a árvore dos meus sonhos!
Ela parece sorrir para mim!
Ela parece dizer; “Te trago de volta a tua alma, te devolvo porque ela é tua!!
Eu a guardei com muito carinho e cuidado, e hoje te ofereço de presente os teus sonhos de menina, sonhos que se fizeram grandes, que se fizeram nobres, sonhos que se fizeram merecedores do teu coração!! Pra sempre te guardarei minha menina Adriana!”
Então eu digo a mim mesma que um dia irei pintá-la!!
Sim! Ela se fará eterna no meu mundo real!
Enquanto isso a música penetra fundo dentro de mim, no mais profundo do meu ser,
E sinto que tenho paz.
Sim, hoje estou em paz e com vontade de sonhar de novo!!!!



Adriana M Machado
(texto criado hoje, dia 13 de abril de 2010, em Pinheiral RJ)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Coração eterno amante



 São 18:15h,
Vou tirar o encerrante
Desse coração eterno amante,
Que passou do limite
E gerou uma apendicite.

Que se dane o mundo,
Que se dane tudo.

Esse esmalte bem discreto
Que bem podia ser a testemunha de um acontecimento,
Não passa de uma tinta velha,
Uma porcaria amarela,
Uma tentativa de se fazer mais bela,
Um incômodo,
Um lamento.

Que se dane esse homem,
Esse desejo, esse tormento.
Vou tomar banho,
Vou lavar meu pensamento.
Vou fugir de mim
Enquanto me resta tempo.


Adriana M Machado (criada em 17 de abril de 2002, no RJ)

sábado, 27 de março de 2010

Estrela cadente


Se todo amor verdadeiro está escrito nas estrelas,


onde estará então a estrela do meu grande amor?

Talvez falte uma estrela no céu...

Eu não sei...

As vezes ergo os olhos

e vejo só escuridão,

uma noite de extrema solidão.

Outras vezes olho para o céu

e vejo o luar,

vejo milhares de estrelas

que parecem querer falar!

Mas não consigo ver a minha estrela em particular,

aquela que guarda meu amor.

Então começo a imaginar que meu amor verdadeiro,

aquele que vai me completar por inteiro,

pode estar escondido em uma estrela cadente.

Viajando pelo universo

sem paradeiro, sem rumo,

a voar, flutuar,

mudando sempre de lugar.

Dizem que quando vemos

uma estrela cadente a cruzar o céu,

devemos fazer um pedido

e não contar pra ninguém,

só assim os anjos dizem amém.

Mas faz tanto tempo que peço

pelo meu grande amor perdido,

a infindáveis estrelas que cruzam meu céu

todos esses anos!

Mas elas só me trouxeram mais enganos...

É, talvez falte uma estrela no céu...





Adriana M Machado (criada hoje, dia 27 de março de 2010 as 23:00h)

domingo, 21 de março de 2010

Conto poético




Eu a poeta
Você o conto,
Enquanto o coração vai girando meio tonto.
Vou fazer dessa saudade ligeira
Apenas mais uma brincadeira.
Serei teu cobertor
No frio de todo e qualquer desamor.
Você será o mais belo poema.
A maior alegria.
A dor suprema.
O abraço mais quente.
O calor mais presente.
O mais triste dilema.
Mas ainda assim
Fará parte de mim.
Enquanto escrevo minha noite,
Meu dia,
Em um conto poético,
Em uma eterna poesia...

 Adriana M Machado

quinta-feira, 11 de março de 2010

Talvez seja isso...




Sei o que preciso agora,
Um almoço, um passeio no parque,
Uma cama de casal...
Seja lá como for,
Sobrevivem a uma nostalgia banal,
Ao que o mundo chama de normal.
É talvez seja isso o que preciso agora.
Alguém pra dividir o banheiro,
Pra comer minha torta de amora,
Pra cantar desafinado no chuveiro...
Talvez me falte isso agora...
Alguém que me roube o espaço na cama,
Que faça xixi na tampa do vaso,
Mas que ainda assim diga que me ama,
Enquanto em lágrimas me desfaço.
Que roncando tão alto não me deixe dormir,
Que jogue cinza de cigarro na trepadeira,
Mas que ainda assim me faça sorrir,
Com seu bilhete de amor na geladeira.
Que torça pro Flamengo comigo,
Que me inspire a fazer bolinho de chuva,
Que seus braços sejam meu abrigo
Na falta do guarda-chuva.
É talvez seja isso o que preciso agora,
Antes de chegada a hora
De outra vez ir embora...


Adriana M Machado (criada em fevereiro de 2002)

terça-feira, 9 de março de 2010

Não tente...




Não adianta tentar me parar,
Não queira prender meu olhar.
Não quero saber do teu lamento,
Não quero saber do teu choro,
Das coisas do teu pensamento,
Das tuas pragas, teu agouro...
No teu desprezo aprendi a olhar pra frente,
A não ter medo do inevitável,
A estar aqui, estar presente,
A fazer da vida um grito inefável.
Um grito de liberdade,
De êxtase, de dor,
Seja lá como for, um grito de mim mesma...
De quem se escondia como um tímido botão,
Uma pequena flor,
E que agora desabrocha na luz do dia,
Se refrescando na brisa da maresia.
Não espere que eu olhe atrás,
O que você me fez
A ninguém se faz.
Vou seguir em passos lentos,
Cantando meu próprio dispor.
Vou escrever meus pensamentos,
Quem sabe mais calmos,
Mais maduros, mais atentos...
Vou aprender de mim,
Vou ser meu invento.
Serei meu momento
Quando dolorosamente o sol se pôr.
Vou saber de mim,
Me dizer que sim,
Poetizar o amor.
Não tente me parar,
O que não foi já se perdeu,
Agora sou somente eu e eu.
Vou cantar para as ondas,
Vou sorrir para o mar...
Desejo apenas uma chance me dar.
Não tente me parar...


Adriana M Machado (criada dia 30 de abril de 2002)

terça-feira, 2 de março de 2010

Coração enganoso




O coração da gente é um ser tão difícil de entender!
Meu Deus como ele é complicado!
Tem momentos em que ele me faz sorrir sem limites,
Me faz a pessoa mais feliz desse mundo,
E em outros me faz tão triste,
Tão sozinha, tão idiota...
Eu queria poder entender a linguagem do coração...
De tempos em tempos ele cisma de inventar uma paixão qualquer,
E pronto, era o que faltava pra fazer todo um rebuliço aqui dentro de mim.
Então eu me torno a pessoa mais suscetível do mundo a todas as suas vontades.
É como borboletas batendo suas asas no fundo do meu ser!
Parece ridículo eu sei, e é o que penso o tempo todo,
Mas ao mesmo tempo é tão bem vindo!
Algo incrível!
De tão esperado me dá medo...
E depois de me fazer engordar alguns quilos no prazer de todas as coisas,
De me fazer acreditar nas fantasias mais absurdas,
Ele muda tudo outra vez.
Ali estou eu, a pessoa mais solitária desse mundo,
Voltando pra casa na certeza de que o meu amor não vem pro jantar.
De que a cama estará um pouco mais vazia nessa noite.
De que não vou poder acariciar sua orelha, não vou sentir seu cheiro...
Não vou ter seus braços no meu abraço,
Nem seus pés pra entrelaçar aos meus.
Sim, a cama continua vazia depois de tantos anos,
E eu ainda não me acostumei.
E de novo o sono será perturbador nos seus pesadelos mais cruéis,
E quando eu acordar assustada não vou ter ninguém pra me abraçar...
E vou me lembrar das vezes em que fui tão má,
Em que abandonei a lágrima de alguém, se esvaindo em uma vala qualquer,
Naquele beco dos amores maus sucedidos, equivocados,
Dos amores perdidos.
Vou entender mais uma vez que o amor me foi negado,
E é melhor me acostumar.
E enquanto adormeço meu sonho de menina,
Vou brincando de ser feliz,
Até ele despertar nas suas loucuras,
E uma vez mais me fazer apaixonar...
Ai como é enganoso o coração do homem!
Bem dizia Jesus Cristo!

Adriana M M
(criada hj, dia 02 de março de 2010)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

portas fechadas



 Todas as portas estão fechadas.
Aqui estou eu, um corpo louco e cansado querendo parar,
Querendo apenas descansar.
Não encontro a saída.
Não encontro o caminho de volta.
Não encontro ninguém que possa abrir a porta.
Este labirinto estreito e triste me esconde do mundo.
Sinto que talvez fosse melhor me sentar,
 E tentar dormir com a cabeça entre os joelhos.
Sonhar com minha outra metade, me sorrindo tranqüila no espelho.
Não sinto o calor do sol,
Não vejo o brilho da lua.
Sinto-me morta, mas ainda com uma enorme saudade sua...
Estou trancada, não me lembro de nada.
Todas as portas estão fechadas...

Adriana M Machado (criada em 18 de junho de 2002)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um dia de sonho



É tão bom viver um sonho na íntegra de tudo o que ele representa!
Acordar com o dia que vem chegando manso e verdadeiro.
Despertando o mundo e tudo o que nele há.
Sim, tenho a sensação de que o mundo acorda pela manhã.
E pensar em todos os anos de quase uma vida, que dormi para o mundo...
Mas estou desperta a tempo de ver com os olhos da alma, que bom!
A água quente do chuveiro,
Que escorre pelo meu corpo me acordando para realidade,
Pela primeira vez me faz sorrir.
O pão quentinho que acabei de comprar na padaria da esquina as 07h00min da manhã,
O café que tem cheiro de gosto de viver, é a primeira etapa de um dia de sonho.
No ônibus vou ouvindo a música que mais gosto, enquanto respiro o ar fresco da manhã E sou feliz.
Todos estão se preparando para mais um dia de trabalho,
E o sol vem chegando enchendo de luz todas as formas de vida.
Carros que saem de suas garagens, janelas que se abrem,
A velhinha que rega as flores do jardim,
Outras que caminham pela calçada no exercício matinal.
Pais que deixam seus filhos na escola.
O gari que junta o lixo das ruas e canta cheio de alegria, ele também me diz bom dia.
Trabalho sem parar o dia todo, com dores nos pés de cansaço,
E o sorriso nos lábios mais verdadeiro que já pude dar,
Sorriso de quem está em paz.
No fim dia volto pra casa em um ônibus lotado,
E na maioria das vezes não posso sentar. Mas ainda assim não faz mal,
Porque meu filho me espera com um abraço apertado e um sorriso cheio de saudade. Minha cachorra faz festa e quase derruba a casa,
Porque não sabe esconder a emoção de um amor verdadeiro.
Porque vivo um dia de sonho no meu mundo real e sou feliz!

Adriana M Machado (criada hoje, 26 de fevereiro de 2010)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Gatas de rua




 Estamos em três,
Novas mulheres se descobrindo outra vez.
Sonhos de astronauta,
Histórias de burguês...
Somos aquilo que vivemos; Socorro! 
A cada dia nascemos e morremos!
Talvez não seja muito difícil
Mais um pequeno sacrifício.
Dividir a mesma xícara,
Perder a cama, levar uma vida tão cigana.
Estilos diferentes,
Mistérios subseqüentes,
Mentes dementes.
Não sei, mas e daí?
Não to nem aí!
Se por acaso somos atraentes, mulheres ardentes,
Não podemos assegurar.
O tempo nos escondeu, um sumiço nos deu.
Nos trancou no porão de um choroso coração.
Aprendemos à arte de uma vida metropolitana,
A qualquer lugar, na grama, na lama, na areia da fama,
Fazemos à cama.
Seja na rua, em uma noite de lua.
Somos os anzóis, pescamos a nós.
Sempre tão juntas, cada vez mais a sós.
Somos gatas de rua, solitárias e choronas,
Amigonas e amigonas...


Adriana M Machado
(criada dia 30 de abril de 2002. Copacabana RJ)

Conto abstrato





Que você seja o mais belo retrato
Pendurado na parede do meu quarto.
Dizendo-me que ainda vale a pena chegar atrasada,
Perder a cena, sentir a alma tão pequena.


Que ainda vale a pena em meio a tanta contradição,
Correr na contramão e te entregar nas mãos
Meu coração,
Que apesar de morto insisti em me dizer
Que sente gosto em viver.


Que você seja o mais belo retrato,
Ainda que seja o passado
Ou apenas um conto abstrato.


Adriana M Machado  (criada em 17 de abril de 2002)
Eram momentos estranhos. Momentos de tormenta...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Por trás do véu




 Vivo meu mundo das ilusões bem guardadas,
Onde as palavras que não podem ser ditas, são levadas num sopro de silêncio
E se fazem descansar nas areias do deserto.


Onde a luxúria se esconde atrás do brilho de um olhar,
Onde não se é permitido sonhar.


O véu a esvoaçar revela em mim meu desejo de mulher,
Desejo reprimido, 
Desejo de viver quem eu quiser.


Onde tudo é proibido, e me esconder
É a única maneira de me apresentar,
Vou sufocando minhas dores e aprendendo a me acostumar, 
Porque um dia me ensinaram que toda dor é passageira,
E não se morre de saudade do que nunca foi vivido...


Onde os olhos do Juízo estão postos sobre mim todos os dias ao amanhecer,
E quando a noite chega trazendo a brisa fria,  
Estou sozinha demais pra admirar o céu...


O perfume forte que me deixa meio tonta, o véu a me guardar,
O som medroso dos meus passos, a canção entrando em mim...
Tudo isso me lembra o amor.
Um amor que corrói o peito,
Um amor sem rosto, sem corpo, um amor proibido,
Um amor que jamais poderei desvendar...

Adriana M Machado
(criada em março de 2002. Uma homenagem as mulheres muçulmanas...)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O caminho das flores





Ainda ontem pensei em fazer um jardim,
Bem humilde porque meu quintal é pequeno...
Então comecei a sonhar com flores de todas as cores.
Com rosas vermelhas que me lembravam a paixão,
Rosas cor de rosa que me traziam alegria,
As brancas que me recordavam velhos dias de solidão...
Pensei nas margaridas amarelas, aquelas que eu brincava de mal me quer, bem me quer,
Na minha época lá de Minas, época do primeiro amor, dos segredos mais bem guardados...
Pensei nos conhecidos tapetes, aquelas folhas largas e de cores estranhas, cores escuras e na verdade bem tristes, mas se deixavam cultivar com uma rapidez sem igual...  Não sei porque as tristezas são mais fáceis de cultivar... Pensei melhor e resolvi abrir mão dos tapetes, não quero saber de coisas tristes no meu jardim.
Pensei nas orquídeas; Ah as minhas prediletas!
São tão lindas e auto suficientes! Mas não sei porque exigem mais atenção que as outras, mais cuidado, e as vezes um pouco de ilusão. Sim, um dia me disseram que as orquídeas precisam sentir sede, para que pensem estar morrendo e assim florescerem mais rápido. Pobres orquídeas! Será que já estavam acostumadas a morrer e nascer a cada dia? Penso que não é fácil se agarrar a um tronco de árvore e fazer dele a sua casa, seu mundo, seu lugar ao sol... Se pelo menos pudéssemos escolher nossa árvore...
Agora entendo porque me identifico tanto com elas...
Mas não desisti das orquídeas, elas ainda são um mistério a desvendar em mim...
Me lembrei das flores do campo, elas me trazem paz e vontade dançar, sorrir, sonhar...
Eu teria muitas delas no meu jardim com certeza...
Pensei nas violetas, mas elas são também muito especiais. Não suportam a luz do sol diretamente sobre elas, precisam estar apenas sob seu reflexo. Também não suportam muita água, isso as fazem morrer antes mesmo de viver. Nossa como as violetas são complicadas!! Me lembram meus dias conflituosos, aqueles  momentos em que eu não sabia nem mesmo onde eu estava, quanto mais onde eu queria chegar. Pensando melhor acho que as violetas se encontrariam muito perdidas no meu pequeno jardim...
E as samambaias, aquelas enormes e compridas folhas verdes que minha mãe tanto amava!
Elas também são bem diferentes. Mas sinto as samambaias um pouco arrogantes demais... Ou será que estou enganada? Sei lá... Vou pensar melhor nas enigmáticas samambaias... Ufa! De repente me dou conta de quão trabalhoso é construir um jardim!
Mas não vou desistir , pelo contrário, me parece algo muito interessante e de grandes descobertas as flores do meu jardim.
As sementes já começaram a brotar e fazem cócegas dentro de mim!
Então continuo preparando a terra enquanto ouço o som das gargalhadas vindas direto do meu coração!
Quem sabe explicar o caminho das flores?


Adriana M Machado  ( criado hoje, 16 de fevereiro de 2010)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Juntando os cacos e se reinventando





Quando se trata de se refazer, de se reinventar ou simplesmente juntar os cacos quebrados de nós mesmos, tudo é válido nessa vida! Claro que devemos tomar todo o cuidado necessário pra não machucarmos ninguém, e nos preservar o máximo possível... Cada um  se encontra a si mesmo de uma maneira muito particular, e tem coisas para as quais não há explicação, apenas elas estão lá, e são reais ao extremo para que possamos fingir que elas não existem! Tudo aquilo que se constrói com as próprias mãos, que trazem os sentimentos do nosso próprio coração, se torna muito mais valioso que qualquer outro tesouro! E o melhor presente que podemos nos dar é nos permitir sonhar, nos permitir construir nosso sonho! Agora percebo e entendo a beleza de um rosto cheio de rugas muito mais do que antes... Carregar as marcas do que fui e do que me tornei, ainda é o que me faz grande! Talvez nem todos os parágrafos e linhas, sejam histórias tão bonitas como eu gostaria de contar, mas de alguma forma elas fazem parte da minha trajetória de vida, dos meus caminhos percorridos as duras penas, as vezes em passos lentos demais, as vezes um pouco mais  rápido... Elas formaram meu mundo de hoje, um mundinho aparentemente tão simples, mas tão especial e esperado que enche de alegria o meu coração! E a poesia é a maneira que eu tenho de contemplar e admirar o que nasce aqui dentro de mim...
É como um espelho em que me vejo todos os dias. É meu jeito de reinventar a vida!
E é simplesmente maravilhoso poder ouvir, sentir e abraçar, essa emoção que vem do alto e se abriga dentro de mim!!! Obrigada papai do céu!!!

Adriana M Machado

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Esperar...





Ah se não fosse esse café urbano,
Não sei o que seria de mim.
São tantas vezes em que se tem que esperar...
Esperar o entardecer,
Esperar o anoitecer,
Esperar o dia raiar.
Esperar pelas coisas que foram e já pensam
Querer voltar.
Esperar pra se ter alegria,
Pra não deixar o pranto rolar,
Esperar pra não se entregar.
Esperar a estrada encolher pra chegar
Um pouco mais rápido e as pernas não cansarem tanto,
Esperar por qualquer desencanto.
Esperar pela presença que irradia,
Por uma nova fantasia,
Esperar pelo beijo de alguém.
É nesse café urbano que eu passo a vida a esperar,
Só eu, as mesas vazias e um pouco de luz pra disfarçar.
Esperar, esperar e esperar...

Adriana M Machado

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Carnaval!


Vem chegando o entardecer,

Ouço os tambores anunciando,

Algo novo vem chegando...

Em uma mistura de muitas e muitas cores,

As emoções são liberadas, em uma confusão total e torrencial de sensações.

Confusão ritmada, confusão muito bem arranjada de uma dança universal.

Confusão de lágrimas e sorrisos, de gritos e sussurros, de um murmúrio tão particular que se faz ouvir por toda terra. São corações que cantam seus sonhos mais secretos, sonhos que brilham em cores inebriantes capazes de extasiar.

Milhões de vozes, milhões de passos, milhões de amores em seu jeito único de ser e existir. Milhões de homens e mulheres, idosos e crianças, com suas diferenças sociais, culturais, todas essas porcarias que nos fazem pequenos demais... em meio a toda essa desigualdade se encontram no equilíbrio de um só coração, no batuque de uma única canção. É o pulsar do carnaval! Algo inexplicável, algo sem igual!

Posso até dizer que não gosto, mas quando ouço o som de mil tambores batendo aqui dentro de mim, sinto o despertar de algo que nunca quis adormecer...

Adriana M Machado

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Toc! Toc! Toc!




toc! toc! toc!
Ouço alguém bater na porta!
toc! toc! toc!

Me assusto! Não quero abrir!
Tenho medo de estranhos,
de que possam me ferir.

Me lembro a quanto tempo já adormeci
as paixões aqui dentro de mim,
e penso que não quero saber de coisas novas,
é difícil demais,
é desgastante demais...
Eu não tenho tempo
pra um novo intento.

Ouço outra vez!
toc! toc! toc!

Quero me esconder em um lugar mais seguro!
Se pelo menos eu conseguisse saltar esse muro
que me prende em mim,
estaria finalmente livre do exílio e
iria pra casa,
eu juro que iria pra casa.

Enquanto isso não quero respirar,
tenho medo que ele perceba a minha presença e
tente me encontrar.
Não vou ser capaz de me entregar.

toc! toc! toc!
bate outra vez!


Estou curiosa!
Quem será que quer tanto entrar?
Talvez seja só o entregador de cartas
trazendo notícias de alguém que se foi!
Fico feliz e me apresso a abrir a porta,
mas é tarde demais pra quem demora.
O amor cansou de bater e foi embora.
Volto então ao meu mundo real,
a eterna solidão que sempre me convém,
neste meu mundo de ninguém.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Eu queria aprender a viver...





Eu Queria aprender que viver também significa se sentir só,
Se sentir vazio, triste, significa ter necessidade de chorar, as vezes...
Que viver é viver um dia de cada vez,
Mesmo sabendo que um dia nunca é igual ao outro.
Que as noites também podem ser escuras e frias, que o canto da cigarra nem sempre traz a chuva, e que o deserto quase sempre é inevitável.
Eu queria aprender, que viver é amar alguém com tanta força, que se torna impossível prender este amor, ele simplesmente se vai por entre os dedos...
Que amar é conquistar e reconquistar.
Que meus sonhos nem sempre, se farão como eu espero.
Que meu coração nem sempre pulsará na intensidade do outro.
Eu queria aprender que viver é me decepcionar
E ainda assim não ter que ir embora.
Que eu posso escutar o eco da minha voz em todas as paredes gritando por qualquer motivo que seja, e eu não tenho que dizer nada, porque nem sempre ele deseja ser compreendido, de vez em quando ele também senti saudades de apenas ser ouvido.
Eu queria aprender que viver é ver meu riso ser levado pelo vento,
e que nem sempre isso significa ser triste...
Que minhas lágrimas regam também ervas daninhas,
Porque as flores nunca nascem sozinhas...
Que o vento que se foi levando minha alegria, se faz brisa pela manhã, acaricia meu rosto sonolento, e me faz despertar pra viver tudo outra vez.
Eu queria aprender que viver é se refazer cada dia, um dia mais forte,
no outro mais fraco, mas nunca deixar de brotar.
Que viver também é se fazer árvore, com frutos bons e frutos maus, mas sempre frutificar, porque viver a realidade não significa estar morto.
Eu queria aprender que viver também é sentir medo, é querer fugir,
mas que além de tudo isso eu sou capaz de me superar...
Eu estive tanto tempo fora deste mundo que agora tudo me parece estranho demais, doído demais, tudo me parece assustador demais para que eu possa suportar...
Eu queria aprender a viver...

Adriana M. Machado

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Minhas Meninas





Hoje é noite de festa,
cantarei pra lua minh'alma nua
sem fechar as cortinas,
sem acordar os sonhos,
sem despertar minhas meninas
que agora dormem, tranquilas,
serenas, aqui dentro de mim...