Poesias de um sonho

"Se eu me permitir sonhar, voarei aos céus e habitarei entre as estrelas nos meus dias de solidão, mas se eu me fechar na escuridão de todos os meus medos, viverei eternamente na margem de tudo o que não fui capaz de crer. Não vai ser fácil ver meu reflexo todas as noites, sem poder ver em meus olhos o brilho de todas as luzes do universo...

Prefiro amar meu sonho, e fazer dele o mais sublime de mim mesma. E ele se fará em cada amanhecer uma nova poesia aqui dentro de mim!

Eu só quero voar..."

(Adriana M Machado)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

portas fechadas



 Todas as portas estão fechadas.
Aqui estou eu, um corpo louco e cansado querendo parar,
Querendo apenas descansar.
Não encontro a saída.
Não encontro o caminho de volta.
Não encontro ninguém que possa abrir a porta.
Este labirinto estreito e triste me esconde do mundo.
Sinto que talvez fosse melhor me sentar,
 E tentar dormir com a cabeça entre os joelhos.
Sonhar com minha outra metade, me sorrindo tranqüila no espelho.
Não sinto o calor do sol,
Não vejo o brilho da lua.
Sinto-me morta, mas ainda com uma enorme saudade sua...
Estou trancada, não me lembro de nada.
Todas as portas estão fechadas...

Adriana M Machado (criada em 18 de junho de 2002)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um dia de sonho



É tão bom viver um sonho na íntegra de tudo o que ele representa!
Acordar com o dia que vem chegando manso e verdadeiro.
Despertando o mundo e tudo o que nele há.
Sim, tenho a sensação de que o mundo acorda pela manhã.
E pensar em todos os anos de quase uma vida, que dormi para o mundo...
Mas estou desperta a tempo de ver com os olhos da alma, que bom!
A água quente do chuveiro,
Que escorre pelo meu corpo me acordando para realidade,
Pela primeira vez me faz sorrir.
O pão quentinho que acabei de comprar na padaria da esquina as 07h00min da manhã,
O café que tem cheiro de gosto de viver, é a primeira etapa de um dia de sonho.
No ônibus vou ouvindo a música que mais gosto, enquanto respiro o ar fresco da manhã E sou feliz.
Todos estão se preparando para mais um dia de trabalho,
E o sol vem chegando enchendo de luz todas as formas de vida.
Carros que saem de suas garagens, janelas que se abrem,
A velhinha que rega as flores do jardim,
Outras que caminham pela calçada no exercício matinal.
Pais que deixam seus filhos na escola.
O gari que junta o lixo das ruas e canta cheio de alegria, ele também me diz bom dia.
Trabalho sem parar o dia todo, com dores nos pés de cansaço,
E o sorriso nos lábios mais verdadeiro que já pude dar,
Sorriso de quem está em paz.
No fim dia volto pra casa em um ônibus lotado,
E na maioria das vezes não posso sentar. Mas ainda assim não faz mal,
Porque meu filho me espera com um abraço apertado e um sorriso cheio de saudade. Minha cachorra faz festa e quase derruba a casa,
Porque não sabe esconder a emoção de um amor verdadeiro.
Porque vivo um dia de sonho no meu mundo real e sou feliz!

Adriana M Machado (criada hoje, 26 de fevereiro de 2010)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Gatas de rua




 Estamos em três,
Novas mulheres se descobrindo outra vez.
Sonhos de astronauta,
Histórias de burguês...
Somos aquilo que vivemos; Socorro! 
A cada dia nascemos e morremos!
Talvez não seja muito difícil
Mais um pequeno sacrifício.
Dividir a mesma xícara,
Perder a cama, levar uma vida tão cigana.
Estilos diferentes,
Mistérios subseqüentes,
Mentes dementes.
Não sei, mas e daí?
Não to nem aí!
Se por acaso somos atraentes, mulheres ardentes,
Não podemos assegurar.
O tempo nos escondeu, um sumiço nos deu.
Nos trancou no porão de um choroso coração.
Aprendemos à arte de uma vida metropolitana,
A qualquer lugar, na grama, na lama, na areia da fama,
Fazemos à cama.
Seja na rua, em uma noite de lua.
Somos os anzóis, pescamos a nós.
Sempre tão juntas, cada vez mais a sós.
Somos gatas de rua, solitárias e choronas,
Amigonas e amigonas...


Adriana M Machado
(criada dia 30 de abril de 2002. Copacabana RJ)

Conto abstrato





Que você seja o mais belo retrato
Pendurado na parede do meu quarto.
Dizendo-me que ainda vale a pena chegar atrasada,
Perder a cena, sentir a alma tão pequena.


Que ainda vale a pena em meio a tanta contradição,
Correr na contramão e te entregar nas mãos
Meu coração,
Que apesar de morto insisti em me dizer
Que sente gosto em viver.


Que você seja o mais belo retrato,
Ainda que seja o passado
Ou apenas um conto abstrato.


Adriana M Machado  (criada em 17 de abril de 2002)
Eram momentos estranhos. Momentos de tormenta...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Por trás do véu




 Vivo meu mundo das ilusões bem guardadas,
Onde as palavras que não podem ser ditas, são levadas num sopro de silêncio
E se fazem descansar nas areias do deserto.


Onde a luxúria se esconde atrás do brilho de um olhar,
Onde não se é permitido sonhar.


O véu a esvoaçar revela em mim meu desejo de mulher,
Desejo reprimido, 
Desejo de viver quem eu quiser.


Onde tudo é proibido, e me esconder
É a única maneira de me apresentar,
Vou sufocando minhas dores e aprendendo a me acostumar, 
Porque um dia me ensinaram que toda dor é passageira,
E não se morre de saudade do que nunca foi vivido...


Onde os olhos do Juízo estão postos sobre mim todos os dias ao amanhecer,
E quando a noite chega trazendo a brisa fria,  
Estou sozinha demais pra admirar o céu...


O perfume forte que me deixa meio tonta, o véu a me guardar,
O som medroso dos meus passos, a canção entrando em mim...
Tudo isso me lembra o amor.
Um amor que corrói o peito,
Um amor sem rosto, sem corpo, um amor proibido,
Um amor que jamais poderei desvendar...

Adriana M Machado
(criada em março de 2002. Uma homenagem as mulheres muçulmanas...)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O caminho das flores





Ainda ontem pensei em fazer um jardim,
Bem humilde porque meu quintal é pequeno...
Então comecei a sonhar com flores de todas as cores.
Com rosas vermelhas que me lembravam a paixão,
Rosas cor de rosa que me traziam alegria,
As brancas que me recordavam velhos dias de solidão...
Pensei nas margaridas amarelas, aquelas que eu brincava de mal me quer, bem me quer,
Na minha época lá de Minas, época do primeiro amor, dos segredos mais bem guardados...
Pensei nos conhecidos tapetes, aquelas folhas largas e de cores estranhas, cores escuras e na verdade bem tristes, mas se deixavam cultivar com uma rapidez sem igual...  Não sei porque as tristezas são mais fáceis de cultivar... Pensei melhor e resolvi abrir mão dos tapetes, não quero saber de coisas tristes no meu jardim.
Pensei nas orquídeas; Ah as minhas prediletas!
São tão lindas e auto suficientes! Mas não sei porque exigem mais atenção que as outras, mais cuidado, e as vezes um pouco de ilusão. Sim, um dia me disseram que as orquídeas precisam sentir sede, para que pensem estar morrendo e assim florescerem mais rápido. Pobres orquídeas! Será que já estavam acostumadas a morrer e nascer a cada dia? Penso que não é fácil se agarrar a um tronco de árvore e fazer dele a sua casa, seu mundo, seu lugar ao sol... Se pelo menos pudéssemos escolher nossa árvore...
Agora entendo porque me identifico tanto com elas...
Mas não desisti das orquídeas, elas ainda são um mistério a desvendar em mim...
Me lembrei das flores do campo, elas me trazem paz e vontade dançar, sorrir, sonhar...
Eu teria muitas delas no meu jardim com certeza...
Pensei nas violetas, mas elas são também muito especiais. Não suportam a luz do sol diretamente sobre elas, precisam estar apenas sob seu reflexo. Também não suportam muita água, isso as fazem morrer antes mesmo de viver. Nossa como as violetas são complicadas!! Me lembram meus dias conflituosos, aqueles  momentos em que eu não sabia nem mesmo onde eu estava, quanto mais onde eu queria chegar. Pensando melhor acho que as violetas se encontrariam muito perdidas no meu pequeno jardim...
E as samambaias, aquelas enormes e compridas folhas verdes que minha mãe tanto amava!
Elas também são bem diferentes. Mas sinto as samambaias um pouco arrogantes demais... Ou será que estou enganada? Sei lá... Vou pensar melhor nas enigmáticas samambaias... Ufa! De repente me dou conta de quão trabalhoso é construir um jardim!
Mas não vou desistir , pelo contrário, me parece algo muito interessante e de grandes descobertas as flores do meu jardim.
As sementes já começaram a brotar e fazem cócegas dentro de mim!
Então continuo preparando a terra enquanto ouço o som das gargalhadas vindas direto do meu coração!
Quem sabe explicar o caminho das flores?


Adriana M Machado  ( criado hoje, 16 de fevereiro de 2010)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Juntando os cacos e se reinventando





Quando se trata de se refazer, de se reinventar ou simplesmente juntar os cacos quebrados de nós mesmos, tudo é válido nessa vida! Claro que devemos tomar todo o cuidado necessário pra não machucarmos ninguém, e nos preservar o máximo possível... Cada um  se encontra a si mesmo de uma maneira muito particular, e tem coisas para as quais não há explicação, apenas elas estão lá, e são reais ao extremo para que possamos fingir que elas não existem! Tudo aquilo que se constrói com as próprias mãos, que trazem os sentimentos do nosso próprio coração, se torna muito mais valioso que qualquer outro tesouro! E o melhor presente que podemos nos dar é nos permitir sonhar, nos permitir construir nosso sonho! Agora percebo e entendo a beleza de um rosto cheio de rugas muito mais do que antes... Carregar as marcas do que fui e do que me tornei, ainda é o que me faz grande! Talvez nem todos os parágrafos e linhas, sejam histórias tão bonitas como eu gostaria de contar, mas de alguma forma elas fazem parte da minha trajetória de vida, dos meus caminhos percorridos as duras penas, as vezes em passos lentos demais, as vezes um pouco mais  rápido... Elas formaram meu mundo de hoje, um mundinho aparentemente tão simples, mas tão especial e esperado que enche de alegria o meu coração! E a poesia é a maneira que eu tenho de contemplar e admirar o que nasce aqui dentro de mim...
É como um espelho em que me vejo todos os dias. É meu jeito de reinventar a vida!
E é simplesmente maravilhoso poder ouvir, sentir e abraçar, essa emoção que vem do alto e se abriga dentro de mim!!! Obrigada papai do céu!!!

Adriana M Machado

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Esperar...





Ah se não fosse esse café urbano,
Não sei o que seria de mim.
São tantas vezes em que se tem que esperar...
Esperar o entardecer,
Esperar o anoitecer,
Esperar o dia raiar.
Esperar pelas coisas que foram e já pensam
Querer voltar.
Esperar pra se ter alegria,
Pra não deixar o pranto rolar,
Esperar pra não se entregar.
Esperar a estrada encolher pra chegar
Um pouco mais rápido e as pernas não cansarem tanto,
Esperar por qualquer desencanto.
Esperar pela presença que irradia,
Por uma nova fantasia,
Esperar pelo beijo de alguém.
É nesse café urbano que eu passo a vida a esperar,
Só eu, as mesas vazias e um pouco de luz pra disfarçar.
Esperar, esperar e esperar...

Adriana M Machado

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Carnaval!


Vem chegando o entardecer,

Ouço os tambores anunciando,

Algo novo vem chegando...

Em uma mistura de muitas e muitas cores,

As emoções são liberadas, em uma confusão total e torrencial de sensações.

Confusão ritmada, confusão muito bem arranjada de uma dança universal.

Confusão de lágrimas e sorrisos, de gritos e sussurros, de um murmúrio tão particular que se faz ouvir por toda terra. São corações que cantam seus sonhos mais secretos, sonhos que brilham em cores inebriantes capazes de extasiar.

Milhões de vozes, milhões de passos, milhões de amores em seu jeito único de ser e existir. Milhões de homens e mulheres, idosos e crianças, com suas diferenças sociais, culturais, todas essas porcarias que nos fazem pequenos demais... em meio a toda essa desigualdade se encontram no equilíbrio de um só coração, no batuque de uma única canção. É o pulsar do carnaval! Algo inexplicável, algo sem igual!

Posso até dizer que não gosto, mas quando ouço o som de mil tambores batendo aqui dentro de mim, sinto o despertar de algo que nunca quis adormecer...

Adriana M Machado

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Toc! Toc! Toc!




toc! toc! toc!
Ouço alguém bater na porta!
toc! toc! toc!

Me assusto! Não quero abrir!
Tenho medo de estranhos,
de que possam me ferir.

Me lembro a quanto tempo já adormeci
as paixões aqui dentro de mim,
e penso que não quero saber de coisas novas,
é difícil demais,
é desgastante demais...
Eu não tenho tempo
pra um novo intento.

Ouço outra vez!
toc! toc! toc!

Quero me esconder em um lugar mais seguro!
Se pelo menos eu conseguisse saltar esse muro
que me prende em mim,
estaria finalmente livre do exílio e
iria pra casa,
eu juro que iria pra casa.

Enquanto isso não quero respirar,
tenho medo que ele perceba a minha presença e
tente me encontrar.
Não vou ser capaz de me entregar.

toc! toc! toc!
bate outra vez!


Estou curiosa!
Quem será que quer tanto entrar?
Talvez seja só o entregador de cartas
trazendo notícias de alguém que se foi!
Fico feliz e me apresso a abrir a porta,
mas é tarde demais pra quem demora.
O amor cansou de bater e foi embora.
Volto então ao meu mundo real,
a eterna solidão que sempre me convém,
neste meu mundo de ninguém.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Eu queria aprender a viver...





Eu Queria aprender que viver também significa se sentir só,
Se sentir vazio, triste, significa ter necessidade de chorar, as vezes...
Que viver é viver um dia de cada vez,
Mesmo sabendo que um dia nunca é igual ao outro.
Que as noites também podem ser escuras e frias, que o canto da cigarra nem sempre traz a chuva, e que o deserto quase sempre é inevitável.
Eu queria aprender, que viver é amar alguém com tanta força, que se torna impossível prender este amor, ele simplesmente se vai por entre os dedos...
Que amar é conquistar e reconquistar.
Que meus sonhos nem sempre, se farão como eu espero.
Que meu coração nem sempre pulsará na intensidade do outro.
Eu queria aprender que viver é me decepcionar
E ainda assim não ter que ir embora.
Que eu posso escutar o eco da minha voz em todas as paredes gritando por qualquer motivo que seja, e eu não tenho que dizer nada, porque nem sempre ele deseja ser compreendido, de vez em quando ele também senti saudades de apenas ser ouvido.
Eu queria aprender que viver é ver meu riso ser levado pelo vento,
e que nem sempre isso significa ser triste...
Que minhas lágrimas regam também ervas daninhas,
Porque as flores nunca nascem sozinhas...
Que o vento que se foi levando minha alegria, se faz brisa pela manhã, acaricia meu rosto sonolento, e me faz despertar pra viver tudo outra vez.
Eu queria aprender que viver é se refazer cada dia, um dia mais forte,
no outro mais fraco, mas nunca deixar de brotar.
Que viver também é se fazer árvore, com frutos bons e frutos maus, mas sempre frutificar, porque viver a realidade não significa estar morto.
Eu queria aprender que viver também é sentir medo, é querer fugir,
mas que além de tudo isso eu sou capaz de me superar...
Eu estive tanto tempo fora deste mundo que agora tudo me parece estranho demais, doído demais, tudo me parece assustador demais para que eu possa suportar...
Eu queria aprender a viver...

Adriana M. Machado

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Minhas Meninas





Hoje é noite de festa,
cantarei pra lua minh'alma nua
sem fechar as cortinas,
sem acordar os sonhos,
sem despertar minhas meninas
que agora dormem, tranquilas,
serenas, aqui dentro de mim...