Mas o choro não vem, ele parece preso em algum lugar...
Percebo que algumas coisas estão chegando ao fim,
E não gosto do fim porque ele me traz uma sensação estranha,
me lembra do que eu nunca tive...
Quando alguém pega a bagagem e se vai,
leva consigo um pedaço da gente.
Um pedaço que ficará perdido em algum lugar,
tão escondido que talvez nunca ninguém o encontre...
Mas o peso da bagagem parece ficar aqui, nos fazendo companhia...
Quando a gente fica, e contempla sentado na porta da casa dos nossos sonhos,
os passos lentos daquele ser tão querido,
que o vai conduzindo rumo ao desconhecido,
porque não há outra alternativa,
Porque a casa está cheia e todas as camas estão ocupadas,
Ou porque tudo está vazio demais, e não suportamos o eco da nossa própria voz chamando por socorro,
Porque acabou-se o alimento da panela,
Porque os luares das noites escuras do sertão se tornaram tristonhos,
Ou simplesmente porque a solidão é algo muito difícil de sentir...
A gente se despede calada, enquanto vê a vida passar em relance...
A gente chora baixinho e diz adeus em silêncio,
sem tirar os olhos da estrada,
pra ver se a curva que vai fazer desaparecer o nosso amor,
quem sabe se atrase um pouco mais a chegar...