Deixe-me ser eu
Nas vontades todas que bem me convém.
Quem se importa com tantos cuidados
De um fim de tarde ou de uma noite qualquer?
Não preciso da tua aprovação
Pra ganhar teu coração,
Ou prendê-lo à mim para sempre
Sem você nem mesmo se dar conta,
E nisso você pode apostar.
Sou tão frágil num corpo de mulher!
Mas a noite esconde a nudez que nos atormenta
De tremor, de amor.
A noite nos faz mais fortes.
Ainda bem.
Se eu quero partir no sopro do vento,
Que corta o céu e se joga no teu pensamento,
Ou se te invado e me faço lembrar,
Pra quê me amparar?
Tenho asas de anjo
Brancas como a neve.
Te levo e te trago pelos ares do firmamento.
Sou do sopro da madrugada
E quando você menos imaginar,
Vou dormir no teu beiral,
Olhando a cidade bem lá de cima
E me fazendo quem sou.
Sou solidão em carnaval.
E se sou pessoa louca, insana,
Cantando coisas que pássaros não sabem cantar,
E pessoas não ousam sussurrar,
Então feche a janela só por um momento.
A manhã de quem voa se faz na aurora,
E você não precisa dividir comigo o meu sono solitário do lado de fora,
Nem mesmo me verá partir.
Quase não se faz ouvir meu bater de asas
De menina encobrindo meu corpo de mulher.
Sou apenas um ser estranho e apaixonado a velar teu sono.
Nada além de tudo que você é pra mim.
Nada mais além...
Adriana Marla Machado